Tudo é políticaNeila Baldi style="width: 25%; float: right;" data-filename="retriever">
Esta é a última sexta que escrevo semanalmente. A partir da semana que vem, a Plural passa a ser temática. A mim, caberá discutir Educação, a cada 15 dias. Não tenho falado só sobre isso, desde que escrevi a primeira coluna, em 19 de junho de 2020. Foram várias colunas dedicadas à pandemia, mas também a temas da cidade, cultura, eleições etc. Mas se a educação é um processo de socialização das pessoas, tudo ao nosso redor também pode ser tema de Educação, não? TEMAS TRANSVERSAIS Esta semana, ao fazer a leitura de portais de notícias, me deparei, na segunda-feira, com diversas matérias sobre feminicídios, em vários Estados brasileiros. Casos ocorridos no final de semana. Isso também fala de Educação, pois fala da necessidade de combater o machismo, de produzirmos homens e mulheres que não pensem no outro ou na outra como objeto, como posse, da necessidade de produzirmos pessoas que compreendam as diferenças e individualidades. Então, quando abordo um tema desses, estou chamando para reflexão e educando. Na terça, as redes sociais foram invadidas com um apresentador de podcast dizendo que deveria haver partido nazista no Brasil. O cidadão foi demitido, perdeu patrocinadores e houve quem contemporizasse falando em liberdade de expressão. No Brasil, é crime praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Ou seja, apologia ao nazismo é crime. E falar sobre isso é falar de Educação. E não apenas de História. Paulo Freire dizia que: "Todo amanhã se cria num ontem, através de um hoje. Temos de saber o que fomos, para saber o que seremos". CUIDADOS Mas, em um ano eleitoral, não podemos falar de Luiz no final do túnel. É preciso cuidado. Ocorre que falar de Educação também é falar de política. Paulo Freire dizia: "Não existe imparcialidade. Todos são orientados por uma base ideológica. A questão é: a sua base ideológica é inclusiva ou excludente?". Quando falo de luta antirracista, estou falando de Educação. Quando falo de machismo, também. E tudo isso é política. Inclusive quando falo de política educacional, de cortes de verbas para a educação ou ciência, etc. Freire dizia que: "não estou no mundo para simplesmente a ele me adaptar, mas para transformá-lo; se não é possível mudá-lo sem um certo sonho ou projeto de mundo, devo usar toda possibilidade que tenha para não apenas falar de minha utopia, mas participar de práticas com ela coerentes". É o que faço quando escrevo, leciono, danço. Somos seres políticos e minha ideologia, à esquerda, está presente em todas as minhas ações cotidianas. Por isso, daqui a 15 dias, quando nos reencontrarmos, falarei de Educação, mas também de política. Pode ser que para falar de Educação, fale da pandemia, da luta antirracista, de machismo etc.
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Amanhã, poderá ser você a persona non grata Noemy Bastos Aramburú style="width: 25%; float: right;" data-filename="retriever"> Como diria meu avô, o assunto da hora é o passaporte vacinal ou a obrigatoriedade de realizar a vacina. Acredito que você presenciou ou participou de uma discussão a respeito disso. Os fundamentos para o passaporte são extremamentes importantes e vão desde questões de saúde individual à economia global. As justificativas para os dois lados não me apavoram nem me surpreendem, pois são aspectos relevantes e plausíveis para o homus medium. Porém, o que está por trás disso me apavora grandemente. Os mais desatentos não têm percebido que o mundo caminha para uma ditadura. Não falo de política, mas de exercício de nossos direitos enquanto pessoa, enquanto cidadão e enquanto profissional, independentemente do local em que vivemos. Vamos circular por algumas situações nos ramos do direito para entender exemplificar essa ditadura velada. Direito de Propriedade - Você pode construir no seu terreno a casa dos seus sonhos? Não sei, pois para responder a esta pergunta temos que olhar o plano diretor do seu município. E a casa que seus antepassados viveram e que você disse, o dia que for minha farei assim ou assado!? Você poderá fazer se esta não tiver sido tombada pelo município. E aquela árvore que está na calçada, quebrando a estrutura da sua casa, levantando a calçada com suas raízes e ameaçando cair em cima do seu imóvel, colocando em risco sua família, mas você descobre que não pode cortá-la por se tratar de uma araucária? Direito do Trabalho - Você e seu empregador querem transacionar 15 dias de férias, mas você só pode vender, pois, assim, delimita a legislação. Eu não vejo a vacina como algo ruim, mas não dá para ignorar que está sendo criada a cultura da obrigatoriedade e, com ela, a da exclusão, pois as pessoas não vacinadas tornar-se-ão persona non grata. Se aceitarmos a obrigatoriedade da vacina, estamos dando carta branca à obrigatoriedade, estamos afirmando que as pessoas devem acatar decisões ainda que não queiram, que não concordem. Pergunto: onde está nossa vontade? Onde está nosso direito de decidir? E se amanhã a obrigatoriedade for sobre mim a respeito de algo que não concordo, como agirei? Dia a dia, vejo a Constituição Federal perdendo sua essência, o título de Constituição cidadã está dia a dia sendo colocado em cheque, pois a censura está retornando, estamos vivenciando o retorno da censura não dos meios de comunicação, das obras de arte, das músicas e etc., mas do pensamento divergente, seja ele na política, na saúde e até mesmo nas simples manifestações nas redes sociais dos mais incautos aos mais cultos. Lutemos para que a vacina seja feita, mas sem obrigatoriedade. Que seja pela consciência do bem-estar coletivo porque, hoje, estamos sendo obrigados a vacinarmos. Mas e amanhã, qual será a obrigatoriedade?
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